Diferenças entre “Plano Alto” e “House of Cards”.

Desde o lançamento de “Plano Alto” que são traçados paralelos entre as duas produções. Foi insinuado até mesmo que “Plano Alto” seria uma espécie de pastiche da série americana.

Até certo ponto a comparação é válida, porque “House of Cards”, devido ao sucesso internacional que obteve, tornou-se uma referência para obras de tema político.

Mas se analisarmos a construção dramatúrgica das duas séries, constataremos que são muito diferentes. Se ambas elegem o sistema político como universo ficcional, a maneira de tratá-lo é quase oposta.

Em “House of Cards”, temos as manobras de um protagonista, Frak Underwood, político ambicioso, para chegar ao poder. Ele opera dentro do sistema político, sem entraves éticos, utilizando-se de todas as armas disponíveis.

Já em “Plano Alto”, pelo menos foi esta minha intenção, e os telespectadores e quem escreve para TV poderão dizer se cheguei lá ou não, temos a visão do sistema político operando a partir de múltiplos e contraditórios agentes, desde os detentores dos poderes constituídos àqueles que querem destituí-los, até os que lutam para simplesmente alterar o esquema de poder ou mesmo acabar com ele.

Ou seja, eu quis fazer uma série com vários pontos de vista, várias vozes simultâneas, uma construção prismática que permitisse a visão de conjunto, superando assim qualquer postura maniqueísta.

Será que cheguei lá? Se não, quão longe fiquei do objetivo? A esperança é que os críticos me ajudem a responder. P.A_confronto