Política. A desconcertante propensão do brasileiro a fazer a pior escolha.

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Getúlio. Após 15 anos de uma ditadura sanguinária e de ter sido apeado do poder na onda de democratização que varreu o mundo no final da Segunda Guerra, Getúlio foi reeleito em 1950, para escândalo e indignação da consciência democrática do país. Era o equivalente a Mussolini, se não tivesse sido pendurado na Praça do Mercado de Milão, reeleger-se para governar a Itália. Imagina a bronca.

Resultado: quatro anos depois, em meio a escândalos de corrupção e violência, Getúlio dá um tiro no peito, deixando para o país, além do carma maldito da “culpa” pelo suicídio, uma crise que se arrastou pelas décadas seguintes.

Jânio Quadros. Após o relativo remanso do governo Juscelino, o povo preteriu o general Lott, o militar que havia impedido o golpe depois da queda de Getúlio, e elegeu o alucinado Jânio, que brandia uma vassoura com que limparia o país dos corruptos, algo como os marajás que haviam se apoderado do Estado nos governos anteriores. E mais, como vice, foi eleito João Goulart, o apadrinhado de Getúlio, candidato dos partidos oponentes a Jânio, ou seja, com ideias e interesses inteiramente opostos aos seus.

Resultado: Jânio renunciou sete meses depois, legando ao país a crise da posse do vice, que era seu oponente, e escancarando as portas, já entreabertas, para o golpe militar de 64.

Collor. 20 anos de ditadura, aquela desgraceira toda, eis que, em 89, ocorre a primeira eleição direta para presidente após a democratização. Entre candidatos como Ulisses Guimarães, Mário Covas, Leonel Brizola, quem o nosso amado povo leva para disputar o segundo turno? Collor e Lula, o caçador de marajás e o defensor dos trabalhadores. As piores opções, quase o mesmo filme de 30 anos antes. Parece que o brasileiro anseia pelas utopias do estatismo esquerdista mas não quer amamentar os marajás que proliferam com o crescimento do Estado. Desta eterna contradição, resultou mais um beco sem saída. Qualquer dos dois que se elegesse naquele momento seria obviamente desastroso. Ganhou o perseguidor de maracujás.

Resultado: dois anos depois, caos, inflação de 80% ao mês, impeachment, crise. No entanto,  se tivesse vencido o outro, provavelmente o filme que assistimos hoje teria estreado naquela época.

A brasiliana roda continua a girar. A duras penas, a inflação é dominada e a crise superada. A normalidade democrática se instaura, as instituições se fortalecem. Lula se elege, reelege e faz a sucessora. 12 anos de poder em que despontam os escândalos: mensalão, petrolão e outros aumentativos vergonhosos.

Dilma. 2014. Diante da evidente exaustão do esquema de governo há 12 anos no poder, com o risco de perder as estabilidades econômica, financeira e política tão duramente conquistadas, envolvido numa campanha sórdida, o povo reelege Dilma, a “gerentona” que, entre outras trágicas gracinhas, como ministra das minas e energia e presidente do conselho de administração da Petrobrás, em inocente candura, segundo ela (ou simplesmente acobertando, como afirma a oposição), deixou se implantar no país o maior escândalo de corrupção já registrado no mundo.

Resultado: volta da inflação, estagnação econômica, desemprego, crise ética e política de desdobramentos imprevisíveis.