Essas Mulheres – Revista TV Brasil

Obras_Essas Mulheres_Clipping_Imagem 2_Revista TV Brasil

Obras_Essas Mulheres_Clipping_Imagem 3_Revista TV Brasil2

Essas Mulheres – Entrevista revista TV Brasil

Um ótimo contador de histórias

Depois de passar 20 anos na Globo assinando sucessos como Roque Santeiro, Mandala e Roda de Fogo, o autor muda de canal e estréia na Record com Essas Mulheres, obra que tem lhe rendido elogios da crítica e do público.

TVB – Essas Mulheres tinha o desafio de substituir A Escrava Isaura, que marcou brilhantemente a retomada da dramaturgia da Record. Como encarou esta responsabilidade?

MM – O primeiro desafio é fazer novela fora da Globo, porque a Globo é poderosa. O segundo desafio foi substituir A Escrava Isaura. Como a Record não tinha um público formado, como a Globo tem, é difícil prender os telespectadores. Mas Essas Mulheres está indo bem. A novela tem prestígio com a crítica e uma audiência dentro da expectativa da emissora (na casa dos 10 pontos). Mas eu acho que a audiência de Essas Mulheres ainda vai crescer bastante.

TVB – Porque saiu da Globo?

MM – Fiquei 20 anos na Globo e chegou uma hora em que não tinha mais entusiasmo. Encontrava obstáculos. Me faziam proposta de escrever remakes, mas eu não queria fazer isso. Não tenho nada contra os remakes, mas não era o que me interessava naquele momento. E o que eu queria fazer, eles não queriam. A situação estava desconfortável. Então, o meu contrato não foi renovado.

TVB – Você saiu da Globo em 2002 e só retornou à TV este ano. Já estava com saudades de escrever uma novela?

MM – Nesse período, escrevi um romance, O Crime da Gávea, traduzi uma peça, escrevi outra que ainda não foi montada, enfim, produzi bastante. Mas tinha interesse de fazer uma novela, só que fora da Globo. Não tinha a menor vontade de voltar para a Globo. Felizmente, surgiu esse convite da Record para adaptar uns romances de José de Alencar. Vi que o projeto valia a pena, então mergulhei no trabalho para colocar no ar Essas Mulheres.

TVB – Além da Globo, a Band, a Record e o SBT estão produzindo novelas. Como avalia o atual cenário da teledramaturgia brasileira?

MM – Eu sou presidente da Associação de Roteiristas, então, venho de uma luta pela abertura do mercado de trabalho no Brasil. Vamos ver se esse interesse em produzir novelas vai permanecer. A Record está investindo, quer disputar mercado, tem projeto para abrir um outro horário de novelas. As outras emissoras eu não sei. Mas acho que estou ajudando a solidificar uma alternativa em meio a esse monopólio da Globo.

TVB – Existe muita cobrança por audiência na Record?

MM – A cobrança não é muito grande, não. Há uma expectativa, é claro, mas não há pressão. O meu trabalho tem sido respeitado.

TVB – Você escreve Essas Mulheres ao lado de três roteiristas, Rosane Lima, Bosco Brasil e Cristiano Friedman. Como é criar em equipe?

MM – Sempre tem um cabeça, nesse caso sou eu. Então, a condução da história é minha, mas a gente se reúne uma vez por semana para trocar idéias. Depois, eu estruturo os capítulos e eles escrevem os diálogos. E quando recebo os capítulos, eu faço a revisão do texto. Acho que uma novela fica mais rica quando é escrita por mais de um autor. Mesmo assim, trabalho de 10 a 12 horas por dia.

TVB – Em Mandala, um dos seus grandes sucessos na Globo, você dividiu a autoria com Dias Gomes, mas normalmente, os créditos eram dados a ele. Como lidava com essa situação?

MM – O Dias fez a primeira parte, ou seja, 20 capítulos e depois eu assumi a novela. É chato quando falam que Mandala é só dele, mas faz parte. Incomoda um pouco, mas não é nenhuma tragédia.