Fora de Controle

/ 2012

Criei “Fora de Controle” num momento muito diferente daquele de “A Lei e o Crime”. A chamada “política de pacificação” já estava sendo implantada no Rio de Janeiro e a percepção da criminalidade pela população havia mudado. Falar da bandidagem nas favelas já havia se tornado assunto de mau gosto. Optei, sem perder a visão crítica, por escrever um policial de moldes clássicos: crime, investigação, solução.

O dado polêmico seria o investigador: um delegado arrogante que se considera acima da lei. Neste particular, nada muito diferente do que, em geral, se vê na polícia brasileira. A diferença é que Medeiros, o personagem, não é um mero corrupto. Tem ética própria, que vai da inesperada generosidade aos mais violentos métodos de investigação. E não apenas investigação, porque frequentemente Medeiros também assume o papel de juiz e carrasco.

A primeira temporada teve apenas quatro episódios, exibidos num horário tardio. A audiência não alcançou grandes números, mas a repercussão foi excelente. Uma série de alta qualidade, elegante, nível internacional, etc. Disseram os críticos. Uma novidade bem-vinda foi o programa ter tido produção independente, da Gullane Filmes, com apoio da Record. Infelizmente, para meu desapontamento, até agora a segunda temporada não foi autorizada.

Diz-se que não sabemos fazer seriados no Brasil. Não é verdade. O que falta aqui é continuidade.

O potencial de “Fora de Controle” ficou evidente em 2014, quando passou a ser exibida pelo Universal Channel, com grande sucesso. A quantidade de vezes que é reprisada o comprova. Por este trabalho, o Milhen Cortaz foi premiado no TELAS Festival Internacional de TV, como melhor ator de 2014.

http://www.youtube.com/watch?v=FCqgKLHKW_0