Tudo indica que a profissão de roteirista está na moda. Existem dezenas de cursos por aí e a todo momento aparece alguém dizendo que não há profissionais do roteiro no mercado. O último foi o publicitário Nizan Guanaes, que saiu dos seus cuidados para, num artigo meio ufanista, afirmar que “pela primeira vez na história do Brasil faltam roteiristas”. Será mesmo? Eu acho que sempre houve falta de roteiristas no Brasil, não no mercado de trabalho (só na Associação de Roteiristas, AR, temos quase 300 associados) mas nas produções cinematográficas. O fato é que, exceto na televisão aberta, nunca se valorizou devidamente o roteirista entre nós. Diretores e produtores acham que sabem escrever e minimizam o papel do roteirista, metendo o bedelho no texto, pagando uma merreca, quando pagam. O resultado é a enorme quantidade de abacaxis que produzimos nos últimos anos. O Guanaes fala em seduzir o mundo com a nossa produção audiovisual. Para isso, precisamos de filmes e séries com valor artístico. Não se enganem, só há um meio de chegar lá: investir no roteiro, o que significa pagar bem ao roteirista.