“Não será mórbido”, diz autor sobre especial ‘O Amor e A Morte’
O amor mata, mas também pode salvar. É com essa premissa que a Record prepara O Amor e A Morte para exibir junto com a sua programação especial de fim de ano. O telefilme, assinado por Marcílio Moraes, é baseado na temática de quatro contos de Thomas Mann: A Morte, Desejo de Felicidade, A Queda e Anedota. A escolha dos textos de Mann, vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 1929, foi uma opção de Marcílio.
“A emissora veio com a proposta de homenagear os 150 anos da presença alemã no Brasil. Então, eu tinha de escolher um autor alemão para trabalhar. Decidi por ele por ser admirador dessa figura de grande destaque”, valoriza o autor. Para a estética do telefilme, Marcílio se inspirou em outro grande nome alemão, Bertolt Brecht. “Mantive uma construção épica, mas deixando as cenas mergulharem em um tom dramático, transportando o telespectador para dentro da ação e não contrapondo o telespectador a ela. Como fazia Bretch”, analisa. A relação de Thomas Mann com o Brasil também favoreceu a escolha. “A mãe dele era de Paraty, no Rio de Janeiro. E os temas que ele trata, com toda linguagem sutilmente irônica, me agradam muito”, diz Marcílio.
O protagonista da história é Henrique, interpretado por Floriano Peixoto, um diretor que faz um misterioso convite aos amigos. Em uma noite, ele convida Maria, Thomas, Becker e Ronaldo, de Adriana Garambone, Gabriel Gracindo, Giuseppe Oristanio e Thelmo Fernandes, para dar-lhes a sombria notícia de que irá morrer no próximo dia. Apesar do tema, Marcílio garante que o especial não será mórbido. “Será repleto de delicadeza, humor e ironia”, avisa. Apesar da notícia ser trágica, os amigos a recebem como uma grande brincadeira e começam a especular o motivo de tanta certeza.
“Com os amigos chutando motivos, ele explica que há mais de 20 anos tem plena convicção de que irá morrer no dia 13 de outubro de 2013”, explica Floriano. O reduzido elenco, com apenas cinco atores, foi uma escolha de Marcílio. “Participei da seleção. Inclusive, fiz uma coisa que não costumo fazer. Geralmente, não penso em atores para escrever. Mas, dessa vez, escrevi a Maria para a Adriana Garambone”, conta.
O cenário é decorado com roupas e objetos antigos e ainda um piano de cauda. Enquanto o diretor Marco Altberg comanda o posicionamento dos dois trilhos usados para sustentar as câmaras, os atores passavam a cena e se divertiam com o texto de Marcílio, presente no “set”. “Os homens são realmente uma lástima”, lia Adriana Garambone no roteiro e concordava com a fala de sua personagem, provocando risadas em todos no estúdio. Para tentar dissuadir Henrique e fazê-lo esquecer da história de sua planejada morte no próximo dia, os convidados começam a contar histórias que envolvem amor e morte, acreditando que a possível morte do protagonista tem ligação com as dores do amor. “O amor pode ser tão fatal como uma arma”, recitava Garambone, mais uma vez acreditando nas palavras de sua personagem e arrancando gargalhadas de Marcílio.
Os relatos de histórias que misturam tragédias românticas e amores interrompidos leva a uma calorosa discussão entre os convidados que só será finalizada ao badalar da meia-noite. Para Giuseppe Oristanio, intérprete de Becker, um frustrado e tristonho escritor, o telefilme levará o telespectador a uma profunda reflexão sobre os temas. “Estamos vivendo dias intensos de gravação e isso será refletido no produto final”, valoriza. Já para Gabriel Gracindo, o clima de suspense misturado com o romance vai fazer a diferença em O Amor e A Morte. “Não vai ser apenas aquela contação de história. Para cada história contada, vai ter um ‘flashback’, uma lembrança visual do passado”, adianta.
Ainda sem data definida para ir ao ar, O Amor e A Morte” segue a linha dos outros especiais da Record. Assim como Nova Família Trapo, Pa Pe Pi Po Pu, Tá Tudo em Casa, Noite de Arrepiar e Casamento Blindado, o telefilme de Marcílio Moraes é uma parceria com uma produtora independente, neste caso, a Indiana. “Antes das gravações nos estúdios do RecNov, passamos um tempo ensaiando no estúdio da Indiana, que fica no bairro do Cosme Velho, no Rio de Janeiro”, conta Floriano Peixoto.