A teledramaturgia brasileira está em processo de mudança. Quando se toma 2014 como base para o que vem pela frente, pode-se dizer que as novelas estão perdendo cada vez mais espaço para as séries. Entre os motivos, a narrativa mais curta e as histórias instigantes e elaboradas, aliadas à fotografia cinematográfica, são atrativos que conseguem prender o espectador a essas atrações.
Maiores investidoras no gênero, Globo e Record colecionam bons resultados. No início do ano, a global Amores roubados foi sucesso de audiência, alcançando 28 pontos de média ao fim da temporada e consolidando público no horário das 23h. Já na emissora paulista, Plano alto conseguiu assegurar a vice-liderança por diversas vezes.
Entretanto, para a coordenadora do Centro de Estudos de Telenovela da USP, Maria Immacolata Vassalo, o avanço das séries brasileiras não afetará o espaço das novelas. “A telenovela é uma instituição nacional. Em termos de público há uma fidelidade maior. Mas é claro que há uma contaminação porque as séries são contemporâneas e atingem uma outra faixa de público”, avalia.
Segundo Maria Immacolata, tanto novelas quanto séries caminharão juntas a partir de um determinado momento. “Para isso, é preciso que a audiência valorize as novas produções nacionais, que são muito boas”, conclui.
Este é um modelo de dramaturgia norte-americano que conquistou público no mundo inteiro. Não à toa, as emissoras brasileiras reservam espaços na programação para exibir produtos consagrados como Walking dead, Breaking bad e Homeland, por exemplo. Mas as produções nacionais não têm deixado nada a dever para o que vem de fora.
E não para por aí
A Globo já tem confirmada a primeira série para 2015. Escrita por Euclydes Marinho, Felizes para sempre estreia em janeiro, com 10 capítulos. A produção é uma releitura de Quem ama não mata, de 1982, e tem no elenco nomes como Paolla Oliveira, Adriana Esteves e Maria Fernanda Cândido. A direção é do cineasta Fernando Meirelles. Algumas cenas foram
rodadas em Brasília.
Não é só lá
Problema semelhante é o da Record. A elogiada Conselho tutelar, empreitada mais recente da emissora, se resumiu a cinco capítulos escondidos na faixa das 23h30, na última semana.
Bom investimento
Em 2014, a Globo apostou nas séries. Depois do sucesso de Amores roubados, vieram A teia e O caçador, além das comédias Doce de mãe e A segunda dama.
Antes disso
Plano alto, seriado policial produzido pela Record e exibido em outubro, não correspondeu às expectativas, apesar da qualidade também defendida pelos críticos. O autor Marcílio Moraes até recorreu às redes sociais para desabafar: “É um trabalho que exige um certo esforço intelectual do espectador. E a moçada hoje em dia, de um modo geral, não tem essa disposição”, declarou.