Roda de Fogo – Cristina Padiglione / Folha de São Paulo

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Marcílio Moraes disponibiliza scripts do 1º capítulo de ‘Roda de Fogo’

Autor da sinopse que deu origem a “Roda de Fogo”, novela que acaba de chegar ao GloboPlay, Marcílio Moraes publicou em seu site duas versões de primeiro capítulo do folhetim, uma feita por ele, que vingou e foi gravada, e outra escrita por Lauro César Muniz, descartada.

Tratam-se de dois documentos muito relevantes para quem aprecia o exercício de roteirizar uma obra de ficção. Nota-se claramente por que um foi levado ao set e outro, não, e não vejo nisso qualquer depreciação ao trabalho de Muniz, com quem Marcílio assina a novela.

Apenas cabe observar que o roteiro escolhido de fato tinha uma dinâmica melhor para apresentar a história e aqueles personagens ao público pela primeira vez, determinando, como diz Marcílio, o rumo da narrativa.

O script de Marcílio também sublinha mais a arrogância do protagonista, Renato Vilar (Tarcício Meira), sendo essa empáfia uma peça-chave em um enredo que discorre sobre as transformações de um homem poderoso diante das fragilidades de saúde.

Em seu site, Marcílio explica que ele criou a sinopse, mas, como era ainda inexperiente, a Globo escalou Lauro César para escrever a história.

“A ideia básica de ‘Roda de Fogo’ surgiu na Casa de Criação, da Globo”, conta. “E eu criei a primeira sinopse. Como eu era um iniciante na TV – só tinha feito um trabalho, ‘Roque Santeiro’ – foi chamado o Lauro César Muniz para assumir a novela. Sob o comando dele, fizemos algumas modificações na história. Mas os primeiros capítulos que o Lauro escreveu foram questionados pela direção da Globo, que então me pediu para tentar outro caminho. Eu retomei a minha sinopse original (ênfase no conflito pai x filho), e escrevi um novo primeiro capítulo, que agradou.”

“Foi a partir deste capítulo que desenvolvemos a novela. Os créditos que, de início, seriam ‘Novela de Lauro César Muniz, colaboração de Marcílio Moraes’, passaram para ‘Novela de Lauro César Muniz. Escrita por Marcílio Moraes e Lauro César Muniz’”.

A publicação está longe de ter a pretensão, como explicou o autor em postagem no Facebook, de polemizar sobre os créditos da novela, até porque essa história da criação de “Roda de Fogo” já é conhecida faz tempo. A ideia da recente publicação é disponibilizar um documento ao qual raramente os profissionais de roteiro têm acesso.

Como já escrevi aqui, “Roda de Fogo” dialoga de modo muito interessante com o cenário atual, com direito a general (Percy Aires) e ex-torturador (Cláudio Curi), que mantinha uma relação homossexual com seu atual patrão, Mário Liberato (Cecil Thiré).