Série Contadores de Histórias – O Globo

Relembre os autores entrevistados na série

‘Contadores de histórias’

Reportagens foram publicadas ao longo deste ano na Revista da TV

POR O GLOBO

28/12/2014 7:00 / ATUALIZADO 
Manoel Carlos

Manoel Carlos

RIO — Sentado no escritório de casa, no Leblon, Manoel Carlos passou duas horas discorrendo sobre seu processo de trabalho e sua carreira para a Revista da TV. A entrevista com o criador de “Em família”, publicada em janeiro, foi a primeira da série “Contadores de histórias”. Assim como ele, autores já conhecidos do público — ou não — abriram seus métodos de criação e foram fotografados em seus cantos de trabalho. Todos falaram de sua obra, sobre seus medos, dramas, expectativas e, sobretudo, do fascínio de criar histórias para milhões de pessoas.

1. Manoel Carlos

A ausência de método para trabalhar foi uma das muitas curiosidades reveladas por Maneco, em entrevista que abriu a série especial. O autor de novelas como “Baila comigo” (1981) contou detalhes de sua então próxima trama, “Em família”, e afirmou que não pensa em aposentadora. “Trabalhar é uma maneira de conservar a vida”, ensinou.

2. Aguinaldo Silva

Aguinaldo Silva

Antes da estreia de “Império”, o autor reiterou a vontade de resgatar a novela tradicional e escrever um “folhetim desvairado”. Ele falou da guinada que deu na carreira ao escrever “Senhora do Destino” em 2005, e admitiu ter ficado chateado com a direção da reta final de “Fina estampa” (2012). “Novela não é tese sociológica e nem jornalismo – denúncia”, resumiu.

3. Silvio de Abreu

Silvio de Abreu

Silvio de Abreu

Depois de 37 anos de experiência, o autor disse que não sofre para escrever novelas, falou da dificuldade para adaptar remakes — como a nova versão de “Guerra dos sexos” (2012) —, do gosto por supervisionar tramas, de como mantém o suspense em suas histórias, e admitiu que seu maior erro foi a novela “Filhas da mãe”, de 2001. “Se o público não gostou, está errado, era para gostar. A culpa é minha”, afirmou.

4. Gloria Perez

Gloria Perez

Gloria Perez

Pupila de Janete Clair, a autora revelou que gosta de escrever suas histórias de pé, e sozinha, e não entende os que escrevem em conjunto. Ela relembrou como reuniu forças para terminar a novela “De corpo e alma” (1992) após a morte da filha, Daniela Perez , e adiantou detalhes de sua então futura série “Dupla identidade”, afirmando que sua vida era marcada por audácias. “O despudor é mais do que necessário para o autor, ele é tudo”, pontuou.

5 . Walcyr Carrasco

Walcyr Carrasco

Walcyr Carrasco

O autor de “Amor à vida” contou como escreveu o beijo gay masculino que entrou para a história da TV. Ele falou da experiência de substituir Benedito Ruy Barbosa no fim de “Esperança” (2012) e que “odeia” ator que muda seu texto. “É uma prova de que ele não é bom, que não consegue por intenção no que está escrito”.

6. Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga

Ricardo Linhares, João Ximenes Braga e Gilberto Braga

Organizado, Gilberto Braga contou que quase desistiu de escrever “Corrida do ouro” (1974), por estar sozinho e que, por isso, só gosta de trabalhar com equipe grande para “distribuir tarefas”. Também revelou o orgulho por “Insensato coração” (2011) e criticou “Dancin’ days” (1978). “A maioria dos capítulos era uma vergonha, embora a espinha dorsal fosse fortíssima”, analisou ele, que escreve “Babilônia”, próxima das 21h, ao lado de Ricardo Linhares e João Ximenes Braga (abaixo).

Responsável pelo remake de “Saramandaia” (2013), Ricardo Linhares contou que adora a coautoria, pois tem “prazer em dividir. De preferência ao som de música clássica ou jazz. Para Ricardo, não há consenso nas novelas. “De vez em quando a gente tem que desagradar ao público também, porque ele tem que se sentir surpreendido”.

Autor de “Lado a lado” (2012) com Claudia Lage, João Ximenes Braga contou ter percebido como a capacidade de atenção do público mudou ao longo dos anos, levando os autores a escrever cenas mais curtas, e que não consegue levar uma vida “normal” enquanto suas novelas estão no ar . “Em 2015, eu não saio de casa”, afirmou.

7. Carlos Lombardi

Atualmente na Record, onde estreou com “Pecado mortal” encerrada em maio, Lombardi reclamou que a classificação indicativa limitou os autores, falou de seu maior sucesso, “Quatro por quatro” (1994) e chamou “Vira lata” (1996) de catástrofe: “Mas aprendi muito, foi a novela que mais me ensinou”, analisou.

8. Maria Adelaide Amaral

Perder suas economias durante o governo de Fernando Collor foi o motivo que levou a autora de novelas como “Sangue bom” (2013) à tevê, como revelou. Ela contou, ainda, que foi parar por “acidente” no segmento das minisséries, e comentou que “Os Maias” (2001) foi o seu trabalho mais difícil. “Havia uma grande cobrança sobre a audiência que foi muito desgastante para mim”.

9. Tiago Santiago

Responsável pela trilogia “Os mutantes”, na Record, o autor defendeu o realismo fantástico presente na história, e comentou a experiência desgastante no SBT, onde fez “Amor e Revolução”.  aprendi que uma novela pode e deve ser dramática, mas nunca trágica”.

10. Ana Maria e Patricia Morehtzon

Mãe e filha, e vizinhas, as autoras de “Malhação: Casa cheia” (2013) contaram como gostam de trabalhar com prazos e horários definidos, de como o parentesco interfere no processo de criação, e dos desafios de criar para jovens e para o horário das 17h. “Não pode faltar o gatinho, a galera da zoação, a patricinha e a mazinha que eles amam odiar”

11. Marcílio Moraes

Marcílio Moraes

Marcílio Moraes

Com contrato renovado com a Record, ele falou da minissérie “Plano alto”, e da vontade de fazer a segunda temporada de “A lei e o crime” (2009). Aos 70 anos, disse que sua forma de encarar o trabalho mudou e que as novelas estão em declínio. “Na década de 1970, a novela representava a resistência política aos enlatados. Mas hoje a tendência é outra.

12. Izabel de Oliveira e Filipe Miguez

Dupla por trás de “Cheias de charme” (2012) e “Geração Brasil”, os autores falaram sobre o processo de criação conjunta, dos planos de escrever separados e do que aprenderam como colaboradores.”