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Foi uma honra e uma sorte para mim ter sido convidado pelo Dias Gomes para colaborar em “Roque Santeiro”, minha estreia em novelas. Lendo os primeiros 51 capítulos, escritos pelo Dias para a versão proibida em 75, e que foram ao ar praticamente ipsis litteris em 85, descobri o que era uma novela de qualidade. E foi ali que aprendi o básico do ofício. Escrevi trinta capítulos de “Roque Santeiro” e me orgulho de ter influenciado algumas decisões fundamentais do desenvolvimento da história. Por exemplo, o Aguinaldo Silva, que assumiu a trama entre os capítulos 51 e 160, queria revelar a identidade de Roque Santeiro, ali pelo capítulo 90. O Dias estava viajando nesta época. Eu questionei a decisão e, com a ajuda do Joaquim Assis, felizmente consegui convencer o Aguinaldo que seria um erro fatal, acabaria com o gancho que sustentava a novela.
Na reunião para decidir como terminar a novela, argumentei com o Dias que “Berço do Herói”, a peça dele que serviu de base para a novela, tratava da desmistificação da figura do herói (eu tinha lido um brilhante estudo do Décio de Almeida Prado sobre isso) e que não fazia sentido que Roque Santeiro terminasse a novela como herói, derrotando o “vilão” (Sinhozinho) e ficando com a “mocinha” (Porcina). Daí surgiu aquele final altamente irônico, arremedando dois filmes famosos: “O Homem que matou o facínora” e “Casablanca”.
Há alguns anos atrás, publiquei a sinopse original da novela, escrita pelo Dias Gomes. É só clicar no link acima. A publicação teve o efeito de extinguir, como por encanto, a discussão estapafúrdia de quem era o autor de “Roque Santeiro”.
Foi o primeiro de vários trabalhos que fiz com o Dias Gomes.