Mandala

/ 1987

“Mandala” foi o maior desafio da minha carreira profissional. Para resumir, eu e o Dias Gomes havíamos combinado que ele conduziria a primeira parte da novela e eu a assumiria a partir do capítulo 36. Na verdade, segurei o rojão a partir do 26. A adaptação de “Édipo Rei” para telenovela era uma proposta incrivelmente ousada. O filho matar o pai foi relativamente fácil de fazer. Mas levar a mãe a transar com o filho… Levantou-se uma gigantesca celeuma no país, a censura federal, que ainda existia naquela época, interferiu, e eu próprio percebi que o público não aceitaria o incesto. O Dias tinha ido viajar e tive de encarar a parada sozinho. Basicamente, conduzir a novela sem a trama central que a constituía. O diretor de dramaturgia da emissora, acovardado, simplesmente não me atendia, fugia de mim como o diabo da cruz, não querendo se comprometer. Talvez esperasse que eu desistisse e assim assumisse toda a responsabilidade pela catástrofe, o que significaria o fim da minha incipiente carreira. Quase morri, mas não entreguei os pontos. Com a inestimável colaboração do Sérgio Marques, valorizei uma trama paralela, a do bicheiro Toni Carrado, apaixonado da Jocasta, e levei a tarefa a cabo, ou seja, a novela ao sucesso nos meses finais.